Alimentação infantil muito além do prato


Por Marketing

19/07/2023

Uma das preocupações mais frequentes entre papais e mamães é sobre a alimentação dos seus filhos. Afinal, é um tema muito importante e que influencia de forma direta no crescimento saudável e desenvolvimento dos pequenos.

 

Pensando nisso, convidamos a Elen Dalquano, nutricionista clínica funcional mestre em educação física, especialista em fitoterapia, BLW, nutrição materno infantil e alimentação antroposófica nas fases da vida - ufa! - para compartilhar algumas dicas.

 

Será que existe uma alimentação adequada, ideal para todas as crianças?

 

De acordo com Elen, é normal que os pais sintam essa preocupação em oferecer todos os nutrientes que a criança precisa. No entanto, é importante ressaltar que a alimentação adequada é aquela que traz vitalidade. Ou seja, que ofereça um equilíbrio. E isso é possível perceber pelo comportamento dos filhos.

 

Quando há um desequilíbrio nutricional, por exemplo, começam a surgir alergias, dermatites, a imunidade diminui e a criança fica sem energia para realizar as atividades. Ou então, há um excesso de energia, com sintomas de hiperatividade.

 

Ao perceber sinais como esses, os pais podem buscar um especialista para entender a origem do problema. Por meio de exames de sangue como hemograma e vitaminas, o profissional poderá ter o diagnóstico e oferecer o melhor tratamento.

 

“Os pais podem ficar tranquilos, pois as crianças são muito sábias. Muitas vezes, nós, adultos, queremos fazer com que a criança coma algo, contra a sua vontade ou excesso. E a verdade é que a criança sabe o momento que está satisfeita ou quando não gosta de determinados alimentos, por exemplo”, explicou Elen.

 

Por isso, uma boa dica é observar o comportamento dos seus filhos. Qual a frequência que ele costuma comer,  a quantidade e relação dele com o alimento. Desta forma, será possível perceber quando ele se sente satisfeito, qual é a refeição que aceita mais a diversidade de legumes, verduras e frutas, por exemplo.

 

A introdução alimentar começa na gestação

 

Embora muitos pais acreditem que a introdução alimentar se inicia apenas após os 6 meses de idade, a especialista revela que esse processo começa bem antes, ainda na gestação. Isso mesmo!

 

Enquanto o bebê ainda está na barriga, ele já está passando por uma fase de formação de paladar, por meio dos alimentos que a mamãe está consumindo. É neste período que a alimentação já deve ser rica em variedade de legumes, frutas, verduras e opções saudáveis variadas, para que a criança já possa ir se habituando.

 

O mesmo deve ocorrer na amamentação, período em que o leite materno se torna a única fonte alimentar dos bebês.

 

“O leite materno é a melhor alimentação do mundo para a criança, porque além de ser específico para ela, também tem um significado muito importante. Ele traz a sensação de segurança e conforto, tão essencial para o bebê que está começando a se ambientar no mundo fora da barriga.”

 

A partir do momento em que a criança deixa de consumir o leite materno, entre 0 e 3 anos, é hora de olhar com cuidado para o cardápio. Afinal, é nesta fase que ocorre uma atividade muito alta de desenvolvimento, onde ela começa a andar e falar.

 

É preciso criar um ritmo alimentar na rotina da família e oferecer alimentos variados, para perceber o que a criança vai aceitar e o quanto vai consumir. É ela quem deve guiar a quantidade e cabe aos pais, respeitar.

 

“Quando o pai ou a mãe oferece mais uma colherada e a criança nega, não é indicado insistir. Esse ato pode desregular o centro de fome e a saciedade. Isso, no futuro, pode resultar em um adulto que não consegue ter limites com a quantidade de comida, com compulsão alimentar, por exemplo”, explicou Elen.

 

Outro medo muito comum entre pais, cuidadores e avós, é com relação à estética. Mas a especialista tranquiliza, explicando que se não há anormalidades no comportamento e nos exames, dificilmente há, de fato, um desequilíbrio de saúde. Segundo Elen, cada criança tem um biotipo e suas particularidades.

 

Como garantir uma boa alimentação na rotina?

 

O segredo, para Helen, é garantir uma oferta de alimentos saudáveis, com ampla variedade de frutas, verduras, legumes e folhas em todas as refeições.

 

Desta forma, a criança vai naturalmente experimentando novos sabores, descobrindo sensações e desenvolvendo suas papilas gustativas. Aproveitar os alimentos da estação também é uma ótima maneira de diminuir os riscos de produtos contaminados com agrotóxicos, já que costumam ser frescos e da época.

 

Os pais também podem apostar em um planejamento das refeições, para facilitar a montagem da lista de compras.

 

“Com a correria do dia, é normal ficar perdido e às vezes optar por oferecer industrializados, diante da facilidade que eles oferecem. Mas uma dica que funciona muito é ter planejamento e buscar receitas fáceis, que sejam práticas de serem feitas. Desta forma, fica mais fácil organizar o cardápio do lanchinho, almoço e janta.”

 

Envolver as crianças na escolha dos produtos do cardápio e até no preparo também ajuda a despertar o interesse pelo sabor do alimento, incentivando o consumo. Assim como ensinar sobre a origem, explicando de onde vem a fruta ou legume que ela está comendo, levando-a até um pomar ou horta, contribui para melhorar a relação com o que ela come.

 

E quando a criança não quer provar alimentos naturais?

 

Já aconteceu do seu filho negar um pedaço de brócolis e aceitar facilmente um doce? É uma situação que pode acontecer em qualquer fase, afinal, é natural despertar o interesse por alimentos desenvolvidos para serem altamente atrativos para o paladar.

 

Quando uma criança começa a ter muita resistência a alimentos saudáveis, tendo preferência por comidas altamente temperadas, açucaradas ou industrializadas de forma geral, é bem provável que esteja com o paladar desequilibrado.

 

Para mudar isso, os pais devem reduzir o acesso aos itens industrializados/artificiais e oferecer alimentos com sabores azedos e amargos, que vão ajudar na limpeza das papilas gustativas, permitindo sentir novamente o sabor dos alimentos naturais.

 

Fazer a limpeza matinal da língua, com a ajuda de um raspador, também contribui para esse processo. Mas atenção: esse hábito é indicado apenas a partir dos 3 anos de idade!